domingo, 27 de novembro de 2011

Empobrecimento cultural. Culpa de quem?

 
Em Tempos Idos, Cartola canta o auge do samba.
O gênero está cada dia menos presente no subúrbio do Rio.
 O que está acontecendo com a cultura, cinema, teatro, televisão e música, escondem cúmplices tão culpados quantos os diretamente responsáveis pela produção de baixa qualidade que assolou a arte. Esses cúmplices são os intelectuais e os artistas que produzem com qualidade e que não enfrentaram ainda a responsabilidade pelos resultados gerais da cultura.

Especificamente sobre o Brasil, a situação é crítica. Atualmente jovens de elevada formação educacional, de nível superior às vezes, desconhecem o que caracteriza a qualidade artística mínima. Como eles conseguem se tornar profissionais de alto desempenho em áreas complexas da ciência enquanto consomem uma cultura característica de uma educação fragilizada? Isso desafia a lógica. Os jovens brasileiros que atingem alto rendimento nas universidades atingiriam resultados ainda melhores se fossem capazes de identificar a arte de qualidade.
Por que excelentes alunos não identificam boa música?
A complexidade técnica não acompanha o refinamento
do espírito.

Em parte, a culpa disso é o que acontece extramuros. Após as aulas o mundo do estudante volta a ser o mesmo. A televisão continua com a mesma programação de sempre, a rádio e a internet também. As conversas dos estudantes vão girar entorno do que está comumente disposto nesses meios e a escola não pode controlar o que acontece do lado de fora. A cultura do adolescente de classe média está repleta de livros, música, cinema e até teatro. O problema é que tudo isso superficial e ruim.

A televisão, uma das maiores vilãs, acusa o público pela baixa qualidade artística da programação. Para ela a programação é ruim porque o grande público não adere a produções mais sofisticas. Em busca de se financiar, a televisão atende ao público. Afinal, posso culpar as pessoas por não exigirem uma cultura que não têm?

A restrição à liberdade ou mesmo a conduta autocrática de dizer ao outro o que fazer da sua vida, é evitada pelos intelectuais que dominam a opinião, conseqüência decorrente da sua formação liberal. Afinal, a arte moderna nasceu rompendo paradigmas e superando críticos e valores. Assim, os intelectuais e os bons artistas celebraram com a arte ruim um pacto de mútua convivência.  Com esse mantra, eles se esbaldam nos bolsões de boa cultura e se sentem irresponsáveis pelo que as pessoas fazem com a tão cara liberdade artística e de consciência.
Há poucas décadas, a música popular brasileira
liderava a venda de vinis.
        
         Ledo engano. Os bárbaros um dia gritarão tão alto que penetrarão a mais dura das bolhas. Apagada da cultura de massas, a arte de qualidade sobrevive na memória dos grandes artistas e no culto dos intelectuais. Trata-se agora de expandir esses bolsões e convidar o grande público à mesa. Objetivo este só atingível com a flexão do verbo mais antigo em material de responsabilidade social: engajar. Só existe uma política de convivência possível com a arte ruim: tolerância zero.
               
         

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