
Estamos em 2008. Para muitos homossexuais vive-se no ano de 1968 em que as pessoas simplesmente não podiam se tocar na rua. Os homossexuais são proibidos de demonstrar afeto em ambientes públicos e as expressões que acontecem ainda escandalizam. Eu sou homossexual, já sofri barras imensas por causa disso. Ainda hoje somos um grupo muito incompreendido, perseguido e preconceituado.
Quando em 1970 Belchior escrevia sua música chamada "como nossos pais", eternizada na voz de Elis Regina, ele denunciava o fato dos jovens não poderem expressar afeto livremente. Naquela época se vivia as transformações nos valores sexuais. Era um pedido por liberdade, em um tempo em que as relações dos jovens heterossexuais eram barradas e proibidas. Uma luta contra o falso-moralismo.
"Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz..."
O comportamento da maioria dos jovens homossexuais ainda é esquivo e extremamente cuidadoso, evitando espaços públicos sempre. Isso ocorre também nos arredores da escola e em suas casas na presença de suas famílias. É um jogo de gato e rato que prejudica a todos nós que somos gays, criando guetos urbanos, medo, acrescentando pólvora à nossa adolescência. E confusos, muitas vezes nossas famílias não conseguem nos ajudar, o resultado final disso pode ser uma tragédia. Abertamente ou de forma velada, as famílias e comunidades toleram e até incentivam a discriminação, o abuso e a violência contra homossexuais. Como relatado em uma publicação científica recente do GRUPO PELA VIDA/SP, "o adolescente homossexual vive o segredo doloroso, a incompreensão que oprime e discrimina. Como não é acolhido, inicia suas atividades sexuais de maneira clandestina, correndo riscos maiores de se expor a problemas típicos dessa idade, incluindo drogas, suicídio, violência"
Se estamos em nosso Maio de 68 então devemos nos comportar como tal e passar a lutar pela presença da homoafetividade em qualquer ambiente. Não há nada de escandaloso ou imoral na relação de dois jovens do mesmo sexo. A homossexualidade é uma constante humana, uma forma legítima de expressão da afetividade e da sexualidade. Não é justo que os jovens homossexuais vivam a ancestralidade da moral, que proibia o namoro em público, enquanto os jovens heterossexuais gozam de todos os direitos de expressar publicamente seu afeto. Uma moral sexual justa e igual para todos é uma vitória de uma sociedade civilizada.

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