Cinco dias de desgaste até a ministra da Casa Civil Erenice Guerra pedir demissão. O pedido de demissão na verdade esconde uma exoneração do Presidente. Até a publicação da reportagem desta semana na revista Veja, tudo indicava que a ex-ministra continuaria no cargo. Porém, as denúncias feitas por Folha de São Paulo fizeram transbordar o copo, foram a gota d’água. A ministra caiu.
Amigada da candidata Dilma Rousseff, a ex-ministra ocupou cargos relacionados com o Ministério de Minas e Energia e depois que Dilma foi alçada, pós-escândalo do mensalão, à condição de Ministra da Casa Civil, acompanhou a colega e passou a ser secretária-executiva do ministério. Para onde fosse Dilma, era levada a colega Erenice. Será que Dilma desconhecia as práticas dos filhos de Erenice, tendenciosos a fazer lobby em contratos volumosos com o governo, tudo com o consentimento e participação da mãe? Bom, isso a candidata nega, mas o bom senso só pode nos levar a imaginar o contrário.
O filho de Erenice, Israel Guerra, além de lobista, ocupava um cargo na Terracap, vinculado ao Distrito Federal. Recebia R$ 6.800 sem pisar no serviço. Funcionário fantasma, portanto. Israel Guerra também ocupou cargos na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
A empresa do filho de Erenice Guerra prometeu a empresários intermediar com a sua mãe um financiamento com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social). Em troca, a empresa de Israel Guerra embolsaria seis parcelas de 40 mil e 5% do valor total do contrato. Os empresários se negaram a propina. Em reportagem da revista Veja, ficou demonstrada a participação da mesma empresa na facilitação de um negócio entre um grupo do setor aéreo e os Correios. Tudo com a participação da ex-ministra, que inclusive teria se reunido com os empresários. Partes das falcatruas ocorreram ainda na era Dilma na Casa Civil.
A ex-ministra prometeu contra-atacar a revista Veja por meios legais. “Sinto-me atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras publicadas sem a menor base em provas ou em sustentação na verdade dos fatos, cabendo-me tomar medidas judiciais para a reparação necessária. E assim o farei. Não permitirei que a revista 'Veja', contumaz no enxovalho da honra alheia, o faça comigo sem que seja acionada tanto por danos morais quanto para que me garanta o direito de resposta"
O impacto das denúncias sobre as eleições é incerto. Pesquisa divulgada recentemente demonstrou que apenas 1 em cada 10 eleitores se sente bem informados sobre as quebras de sigilo de pessoas ligadas à Serra. Não duvido que grupo ainda menor se demonstre informado sobre as denúncias na Casa Civil que revelam ter o principal ministério do governo se transformado em palco de negociatas e corrupção.

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