
Antes de limpar a cozinha do apartamento e lavar o a louça (tarefas domésticas de domingo) assisti dois episódios do seriado Sex and the City. Foi quando tive a idéia de escrever a minha primeira postagem sobre sexo. É um tema que abordei apenas superficialmente no blog, ao contrário da protagonista da série que escreve exclusivamente sobre sexo em uma coluna de jornal. Vestirei a pele de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) por pelo menos uma postagem.
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Para ter uma boa noite de sexo não é preciso ter um corpo perfeito. Quando duas pessoas estão nuas não estão se exibindo como se fossem modelos da Vogue ou de uma revista erótica. É normal sentir vergonha de sua nudez, e a televisão, os filmes, acostumaram a nossa geração ao exibicionismo. A vergonha, a timidez, é o que nos aproxima de verdade dos nossos parceiros sexuais, são esses sentimentos que os convidam a experimentar nossas fraquezas e confiança. Como comparar a nudez envergonhada do quadro “Puberdade” de Munch com a nudez fashionista de Madona? Longe de afirmar que a beleza não deva ser vivenciada (ou mesmo que não exista beleza no mundo fashion e do cinema), o que tento é chamar a atenção dos jovens que estão agindo precipitadamente fazendo o possível para simular esses universos. A união sexual é um ato de amor, de troca mútua e de fragilidade, e não somente de prazer.
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Eu tive um interessante número de parceiros sexuais e nunca me envolvi em um relacionamento sério e estável que durasse por mais de um ano. Não que eu seja autosuficiente, simplesmente as pessoas certas que apareceram não quiseram ficar comigo. Encontrei todos os defeitos possíveis em cada affair pelo qual passei, meus casos revelam o mesmo universo de dificuldades sentimentais que passamos a coligar no mundo de hoje. Mas não tenho problema em assumir: eu tenho, sim, medo de relacionamentos.
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Os jovens estão começando a vida sexual cada vez mais cedo, alguns falam que vivemos a "ditadura do sexo", se antes era proibido e evitado, agora é obrigatório e precisa ser feito. Disseram-me que a Susan Boyle tinha o charme do "sexo-zero", daquelas pessoas que vivem enclausuradas sem companhia sexual com desejos reprimidos. Agora o pior pesadelo dos amantes é a solidão dos feios, dos mal amados, enquanto se tornam belos fascinados por falsidades e tão mal amados quanto.
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Em todos os artigos a Carrie Bradshaw faz uma pergunta. A minha não pode faltar: "será que o que precisamos fazer, sexualmente, é assumir que sentimos vergonha?".



