quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Notas sobre a beleza (História da Beleza, Humberto Eco)

O Beijo, Francesco Hayez
                “Quem é belo é caro. Quem não é belo não é caro” cantaram as musas nas núpcias de Cadmo e Harmonia, em Tebas, segundo narração de Hesíodo. Será que a beleza é tão cara assim?
                Em sua obra História da Beleza o pensador italiano Umberto Eco trabalha a variação e evolução da beleza no Ocidente a iniciar pela Grécia Antiga até os dias atuais. Começamos com estátuas gregas e terminamos com atores e atrizes de Hollywood. Se a beleza em Hollywood dos anos 40 para os dias de hoje se modificou tão severamente, o que ocorreu nesses milhares de anos de história?
                De acordo com a obra de Umberto Eco, ao ser interrogado sobre qual critério utilizar para avaliar a beleza, o Oráculo de Delfos respondeu que “o mais justo é o mais belo”. Em toda a nossa história perseguimos o fenômeno da beleza e tentamos descobrir normas que regulem esse universo. Contudo, não existem tais normas universais, a beleza se manifesta de variadas formas e o que nos resta é compreender suas manifestações conforme o próprio homem evolui as engrenagens da cultura. A beleza vai mudando e nós vamos mudando junto com ela.
Romeu e Julieta, Sir. Frank Dicksee
                Sou um admirador da beleza. Admiro-a com cuidado, pacatamente, à distância, para que não me fure os espinhos da rosa. Nem todas as belezas do mundo estão expostas como esculturas e pinturas em museus, ou são exibíveis como filmes em salas de cinema. Algumas belezas, como as das pessoas belas, estão por aí se movimentando pelo mundo. E possuem sonhos, ambições, pensam, vivem, desejam. Essas pessoas que nos dignificamos a chamar de belas podem não ser justas, como exige o Oráculo, e muitas vezes não são. Algumas paixões são construídas exclusivamente ao redor dessa admiração cega de beleza. Essas paixões tendem ao desequilíbrio e ao sofrimento do que ama e admira cegamente a beleza do outro.
                A beleza  não está presente apenas em Romeu e Julieta, ela rodeia todo casal de enamorados simplesmente porque é impossível amar aquilo que não consideramos belo. Para se destacar, como disse o Oráculo de Delfos, a beleza precisa se aproximar do justo e não é à toa que a nossa cultura normalmente relaciona a beleza com outro sentimentos nobres, como a justiça, bondade e heroísmo.
                Comecei a postagem falando do valor que a beleza pode ter. De fato, ela pode ter valor incomensurável. Sem a beleza a vida seria sem graça, o que falar de a Garota de Ipanema, música composta a uma jovem anônima que passava na rua e que, conta a tradição, Tom Jobim e Vinicius de Moraes seguiram por metros em Ipanema? A beleza (não apenas a física e humana) é o motriz das artes e inspira produções do período clássico ao caos da arte pós-moderna. O que seria da poesia, da música e do amor, sem a beleza?     
                Inescapável como ela é, a beleza estará presente na vida de todos nós. Haverá os que venderão a alma por um minuto de sua presença, sem jamais a possuir, e haverá os que saberão estar próximos a ela todos os minutos da vida sem jamais se deixar ferir. Basta escolher de qual lado você estará.                   

Brigitte Bardot, ícone do cinema.
James Dean, ícone do cinema.

sábado, 15 de janeiro de 2011

PROCURANDO A ESPADA DO MEU SALVADOR

Livro em Branco

                O texto deveria ser sobre política, mas não há nada de importante a acrescentar. Dilma segue com os seus primeiros cem dias de governo nomeando e mantendo ministros que indicam uma continuidade das diretrizes políticas do governo Lula. Espera-se que ela enfrente a reforma tributária e da previdência. A mais interessante mudança foi na chefia do Banco Central, com todo respeito ao genial Henrique Meirelles.
                
Minhas leituras estão atrasadas, o estudo de Direito também. Os sentimentos, contudo, não atrasam. O coração nunca para de bater. Ultimamente ele tem andando bem tranqüilo e a passos estáveis e equilibrados, com a velocidade de quem não está amando ou de quem vive um amor delicado e monástico por si mesmo.
                Ele irá acelerar sem dúvida nenhuma. Essa pausa não é uma pausa melancólica, é um momento de aprendizado, estou adquirindo maturidade e irei usá-la com eficiência quando o momento chegar. O meu coração dança calmamente ao som da bossa-nova que ainda inspira meus dias, também dá solavancos contidos ao som de bons sambas. Ah, e também suspira com os saxofones do jazz


The world has gone mad today
And good's bad today,
And black's white today,
And day's night today,
And that gent today
You gave a cent today
Once had several chateaux.


(ANYTHING GOES, COLE PORTER)
         
                Estou amando a música? Não, estou cantando ao amor. Não a nenhum amor que eu tenha tido, mas aos amores que virão. Cantando ao rosto ainda sem identidade dessa pessoa que me fita ao longe, o rosto do meu futuro amor. Como ele será?
              Não rezo para ele, contudo, canto para ele todos os dias, Deus há de entender isso como uma prece. Como as mocinhas castas de antigamente sonhavam com seus futuros esposos, único homem de suas vidas, eu sonho com ele. Sem identidade, sim, ainda. Será alto, baixo, branco, negro, como será a cor dos seus olhos?
             Em um texto antigo, eu falo do meu messias, do meu salvador. Existem sinais que percorreram o tempo e que me permitirão identificá-lo quando a hora inevitável chegar. Mas nenhum desses sinais me permitiriam reconhecê-lo na multidão. O messias é esquivo e etéreo, como uma fumaça de charuto percorrendo a escuridão da noite. Sua presença se fará notar, será visível e palatável, apenas não sei como.
             

Canto de Ossanha, de Vinicius de Moraes, nos ensina a não ir atrás de cultivar tristezas de amores passados. É justamente isso que estou fazendo, virando a página do passado e observando as folhas em branco que serão escritas. Não faltará nessas páginas nenhum elemento dos dramas gregos e dos melhores romances do período do romantismo, sem perder toda a brasilidade dos pandeiros e sem perder o charme do samba.
             Será uma bela história de amor e como será!

O poetinha da Bossa: Vinicius de Moraes






sábado, 8 de janeiro de 2011

Pequenas notas sobre o vestido da posse

Decente taier branco, quase transparente, com relevo acentuado.
                    A capa da Veja desta semana (02/01) trás a presidente Dilma Rousseff desfilando um vestido branco com a faixa presidencial verde e amarela nos ombros. A escolhida para desenhar o vestido da posse foi a gaúcha Luisa Stadtlander que veste os Rousseff há alguns anos e que também desenhou o vestido de casamento da filha da presidente. Escolha feita ao gosto da presidente que não abandonou as preferências da família mesmo na hora de escolher o vestido mais importante da sua vida. Esperemos para ver se no futuro a presidente também terá personalidade na hora de optar novamente entre o velho e o novo. Na história da política nacional, Lula e ela foram os políticos a terem a personalidade e aparência mais maquiadas. 
                    Em uma mulher, elegância e estilo são atributos que não podem faltar, escolhas políticas importantes da presidente serão os seus vestidos e o penteado. Dilma não precisa se apresentar impecável, em uma mulher até as gafes podem ter estilo. O vestido da posse, por exemplo, a engordou razoavelmente, mas demonstrou uma Dilma humana. E convenhamos, pelo menos a presidente decidiu que um vestido vermelho seria overdose de petismo justo no primeiro dia de trabalho. Branco é melhor. É sinal de esperança.

Para sair bem nas futuras capas de Veja, a presidente terá que fazer
um bom governo e escolher apropriadamente os vestidos.