segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DEPOIS DO RESULTADO FINAL (eleições presidenciais)

Como já se esperava, Dilma Rousseff foi eleita a primeira presidenta do Brasil. Não comentarei aqui as conseqüências de ter uma mulher na chefia do executivo porque no momento histórico em que vivemos isso é mais do que natural. Era um dia que haveria de chegar. Já há alguns anos as mulheres venceram todas as adversidades que as separavam da política. Fica a Dilma como uma alegoria apenas.

O que temos pela frente é a nítida possibilidade da candidata eleita realizar um governo melhor que o do seu predecessor se internacionalmente encontrarmos as mesmas características favoráveis que o governo Lula encontrou. E caso ocorram turbulências fora do Brasil, não é de se esperar que o país reaja com a mesma fragilidade que reagia no governo FHC e nos governos anteriores a ele.  É preciso algo muito mais grave para complicar o país. A crise econômica  mundial trouxe para Lula o ano de menor crescimento econômico de seus oito anos de mandato, mas sem desestabilizar o Brasil. Crises semelhantes ou mais localizadas ainda, em países emergentes como se assistia antes, não deverão causar abalos maiores do que a crise gerada pelos subprimes americanos.

O processo de desenvolvimento pelo qual passamos não foi de oito anos de governo Lula por mais que o PT insista em apostar no fato dos brasileiros terem pouca memória. O processo pelo qual passamos é de dezesseis anos, ou mais tempo ainda, abarcando as conquistas do governo FHC e até conquistas mais antigas em governos anteriores. O PT pretendeu comparar o governo Lula ao governo FHC com a frieza de números que analisados sem nenhum critério maior só servem para endossar o discurso “nunca antes na história deste paiz”. Os governos FHC e LULA enfrentaram dificuldades e momentos distintos para que a análise dos dois seja feita com medidas mecânicas dignas das ciências naturais e não das ciências sociais. O governo Lula só teria sido pior que o governo FHC se tivesse provocado no Brasil um retrocesso digno dos governos mais atrapalhados. As condições dadas a Lula são de longe melhores que as dadas a FHC e a resposta foi mesmo a do progresso natural. Agora, se espera que o PT continue progredindo como demonstrou no governo Lula. O que jamais saberemos, pois ficará no plano da especulação, é qual resultado o PSDB traria ao país quando governasse, em tese, em condições menos ardilosas que as encontradas oito anos atrás.


Em entrevista à Folha de S. Paulo, o cientista político de reputação internacional Joseph Nye foi claro em afirmar que o Brasil evoluiu dramaticamente nos últimos vinte anos. “Vinte anos atrás ninguém levava o Brasil a sério. Era a terra da inflação, nada funcionava. Depois que você passou a ter um real sólido e uma política fiscal sólida, a base do Brasil, com seus recursos naturais, seu potencial, aflorou. Claro que eu dou crédito para Lula, mas eu dou o grande crédito para Cardoso”, afirmou o cientista.

O mais importante agora é que o PT, mesmo narcisista, seja capaz de absorver as críticas que o governo Lula sofreu, pois caso faça isso, poderá governar com resultados ainda melhores. Mas assumir que errou não é uma qualidade petista e não espero que eles sejam capazes de fazer isso agora. O que se publicou nos jornais ontem e hoje anunciam a volta de Palocci e a manutenção de Mantega e Meirelles. Bis in idem é o que todos cogitam, porém, o PT é capaz de muito mais e já nos surpreendeu outras vezes. A política econômica deverá continuar sendo a mesma, a manutenção do tripé básico formulado no governo FHC e que revolucionou o país será mantida (as metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário que foi implantado ainda em 1999), mas nada impede que Dilma Rousseff venha a colocar em prática novas medidas.

Termino o artigo desejando boa sorte à nova presidente e também à oposição para que ela auxilie o país a encontrar o meio termo no debate político para que consigamos, petistas no governo ou não, continuar progredindo. Independente de qual lado político se esteja, o país e os brasileiros são mais importantes que disputas eleitorais e debates ideológicos. Minha parte será feita. Continuarei com o mesmo hobby de escrever sobre política neste espaço e de debater com os amigos as minhas opiniões. Boa sorte, Brasil!

Um comentário:

JORGE FERNANDO disse...

A saída do ministro Antonio Palocci resolveu, sem dúvida, um problema político imediato para a presidente Dilma Roussef, que será sucedido por outro de bom tamanho. Vai-se uma crise, chega outra.

Palocci era, sem dúvida, o personagem forte de um governo hesitante e fraco do ponto de vista político e administrativo. Até a convulsão que envolveu a si próprio, exercia o papel de primeiro-ministro. Versado nas questões da administração federal e hábil nas negociações políticas, tinha liderança dentro do PT e desfrutava de relações próximas com Lula — virtual tutor da presidente e, ao mesmo tempo, seu potencial causador de enxaqueca política até 2014. Lula sempre o levou muito em conta nos assuntos de governo.

O PT não dispõe de ninguém para substituir Palocci nas funções que exercia. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), certamente, não terá essa pretensão. Fernando Henrique e Lula (principalmente depois do mensalão) não precisavam de um primeiro-ministro. Dilma, sim. E agora?