terça-feira, 29 de julho de 2008

Os subversivos


"Os subversivos" é o nome que o jornalista J. Bernard Hutton deu ao seu longo ensaio jornalístico sobre a organização de grupos de atuação subversiva ao longo do mundo ocidental nos anos da Guerra Fria.

O livro publica documentos que revelam a participação de uma complexa organização burocrática no interior da antiga URSS para treinar e comandar ações grupais organizadas, orquestrando greves, assassinatos, atentados à bomba.

Os documentos trazem à luz a forma como Moscou tentou desestabilizar as democracias capitalistas ocidentais de dentro. Seja na Irlanda, seja nos EUA, seja no Brasil, seja na antiga Alemanha Ocidental, as ordens eram seguidas de acordo com uma política orquestrada a nível internacional pelo Kremlin.

Os partidos comunistas legalizados eram utilizados como ponto de reunião e recrutamento de subversivos que desligados do partido atuavam nas missões mais ostensivas. O livro foi publicado no Brasil durante a ditadura militar pela Biblioteca do Exército. As denúncias de J. Bernard Hutton foram usadas no nosso país para criar temor e pânico dos comunistas, servindo de justificativa para os crimes políticos cometidos pelos militares. Assim como vasta parte do acervo publicado pela Biblioteca do Exército neste período.

O que acho impressionante desta época é como os movimentos estudantis e revolucionários inundavam a juventude. A juventude que viria após 1968, seria a juventude extremamente mercantilizada que observamos hoje. A morte do discurso comunista acabou com as metanarrativas de vez. Se antes a juventude era facilmente desvirtuada pelo seu excesso de paixão, hoje o individualismo marcante criou uma legião de solitários.

Os documentos do Kremlin se referem assim aos jovens universitários: "os jovens começaram a experimentar novas sensações e ainda não aprenderam como controlá-las", "nos últimos tempos decidiram abandonar a ordem, a lei, e se engajar em militância". O Kremlin atuou na surdina durante manifestos e protestos estudantis nos EUA, qualquer descórdia com os governos era incentivada, fosse com a Guerra do Vietnã, fosse com as drogas do movimento hippie.

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