domingo, 11 de outubro de 2009

11 de setembro de 2009


Hoje é aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro (por um defeito no programa a data da postagem está errada). No dia dos atentados cheguei mais cedo da escola e vi a televisão transmitindo ao-vivo as imagens da CNN. Pensei que era o fim do mundo ou algo assim. Eu tinha quatorze anos e voltei à escola, de bicicleta, para interromper a aula e contar a meu melhor amigo o que estava acontecendo. Narrei no corredor da escola, ofegante, o que tinha testemunhado em casa e que meu amigo desconhecia. Achava que ele precisava saber imediatamente. Éramos próximos e tínhamos idéias malucas juntos, consumíamos muita cultura americana nos filmes, nas músicas e nos livros.

.

O mundo não ficou bem depois de 11 de setembro, mas minhas expectativas ainda mais pessimistas jamais se realizaram. Eu estava excitado esperando que minha vida pudesse vir a ter algo de heróico quando vi os ataques. Achava que chegaria até a cidadezinha onde morava todo o frenesi daquelas torres caídas. Esperava que os EUA voltariam a recrutar civis para a guerra, jovens de preferência, como no Vietnã... Idéia infantil compatível com a minha maturidade na época. "Os jovens americanos irão morrer na guerra novamente". Os filmes que assistia e os rocks que ouvia eram influenciados pelos acontecimentos do Vietnã e ver um Vietnã acontecer seria belo. "Ah! Nem que pelos jornais e pela TV! Seria como em O Franco Atirador...".


Eu tinha raiva dos EUA e por acaso uma das professoras, colaborando, escolhera naquele ano um livrinho fino que falava sobre a influência cultural do país nos jovens a partir dos anos sessenta. Segundo muitos, o hamburger é o feijão com arroz dos americanos, confirmando a tese o livro tinha na capa um hamburger imenso que caia de paraquedas em um prato com a bandeira nacional do Brasil, anunciando que nos alimentávamos de uma cultura alienígena.


Sempre fui um formador de opinião, um intelectual, e o antiamericanismo seduziu muitos jovens com essas características durante o mandato do governo Bush, a começar pelo 11 de setembro, e eu não escapei a esse fácil destino. Contudo, a maturidade afastou-me de qualquer pensamento simplista em política internacional. Hoje em dia, como antes, não conheço os EUA pessoalmente, eles ainda são um monte de livros, filmes, internet, TV e "vida" que vem todos os dias mexer com a minha, mas diferentemente, tenho com eles agora uma boa relação, seja pela saída dos republicanos do poder, seja pelo simples fato de que sei muito bem que os EUA não podem ser culpados por tudo o que há de errado no mundo. Mesmo que pareçam ser o mundo todo, as vezes.