domingo, 26 de julho de 2009

O “estilo Lula” e uma análise do futuro (publicado em jornal)


Quando o Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE) chamou o Bolsa Família de “esmola” foi rebatido pelo Presidente da República com o seu usual tom demagógico. O Presidente respondeu: “para um cidadão que pode dar uma gorjeta de R$ 100,00 em um hotel cinco estrelas isso não é nada, mas para uma mãe de família é dinheiro que na mão faz a multiplicação dos pães”.

Bom, o Lula é assim mesmo. Desde que assumiu o cargo tem falado para o povo com um estilo singular. Algo o fez acreditar que buscar uma linguagem simples garantirá sua aprovação e o crescimento do seu partido. Mesmo quando nomes de peso denunciam seu estilo de demagógico, ele mantém o tom: improviso, coração inflamado, choro, vale tudo para o Presidente da sinceridade. Tão sincero quanto seria um homem comum.
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Para quem não tem acesso a jornais, revistas e cultura, identificar um governo e suas falhas é difícil. Essa é a aposta do Presidente que sensibiliza os pobres transmitindo confiança não por fazer um bom governo, mas por não ter o mesmo rosto largo, de espertalhão, de larápio, que os políticos brasileiros educados, de classe alta, possuem. Ele é muito diferente de um senhor sem carisma que fala pausadamente (como Serra) ou de um senhor às vezes sarcástico demais, do riso confiante e ameaçador (como FHC). Lula é um operário que perdeu um dedo a serviço dos algozes, os patrões, que martirizam os trabalhadores. O mensalão foi incapaz de dar ao povo a imagem do Lula corrupto, ladrão e cheio de conchaves, imagem que temos de todos os políticos do Brasil independente da realidade.

Recentemente o Presidente foi recebido pela UNE com gritos de "Dilma presidente" e "Lula, guerreiro do povo brasileiro". A resposta foi a de um líder estudantil: "vocês vieram aqui para trabalhar ou para gritar?". Não há registro de outro presidente que tenha sido convidado para um congresso da UNE. Lula conta com o apoio dos estudantes que foram protestar contra a permanência de Sarney (aliado do governo) apenas após a saída do Presidente e sua comitiva de 11 ministros. A UNE recebeu do Governo Federal dez milhões de reais desde 2004, dentre os quais sete milhões nos últimos 14 meses.

O Presidente tem o governo avaliado como ótimo/bom para 69% da população e tem agido com arrogância chamando os senadores da oposição de pizzaiolos e dominando a fraca CPI da Petrobrás. Percebe-se que o Brasil não precisa mais de Congresso Nacional, basta o Poder Executivo, ele impõe o que quer ao legislativo o seduzindo promiscuamente.

Em 2010 seja qual for o vencedor haverá muitos pontos em comum, graças a herança do lulismo: o PMDB estará com o governo, haverá escândalos de CPIs, ninguém acabará com o Bolsa Família e o crescimento do PIB se chegar a 5% ao ano deixará a todos felizes reelegendo o vencedor para mais quatro anos.. Como disse John F. Kennedy, o segredo para o sucesso de um governo é a economia, mesmo que tudo, tudo o resto vá errado.